Acontece em Aracaju no período de 16 a 19 de novembro, o XVII Encontro Nacional de Travestis e Transexuais, levantando a bandeira para o tema "A conquista da cidadania pelo fim da transfobia" a ser discutido na ocasião por 170 participantes de diversos Estados do país.
De acordo com a presidente da ASTRA- Direitos Humanos e Cidadania GLBT-, Thatiane Araujo, o evento tem a finalidade de discutir políticas públicas voltadas para a classe. "A nossa comunidade deve ser igual em direitos e deveres e é por isso que estamos aqui. Este encontro é um marco em Sergipe, conseguimos consolidar exemplos positivos de autoridades que apóiam o evento como a delegacia de grupos de vulneráveis e a prefeitura municipal que sancionou a lei que prevê a inclusão do nome social das travestis na comunidade e na saúde pública. As travestis sofrem preconceito a partir do momento que são chamadas pelo nome que não condiz com a sua imagem e escolha de vida, aos poucos estamos conquistando espaço. Com isso provamos o poder do movimento social e local".
Inclusão no Trabalho
Inclusão no Trabalho
Um dos temas discutidos na manhã desta quinta-feira (18), foi a inclusão de travestis e transexuais do Brasil no mercado de trabalho. Segundo a presidente da Associação Igualdade do Rio Grande do Sul e funcionária pública, Marcely Malta, o tema incentiva a classe a lutar pela oportunidade.
"Todas as travestis têm o direito de trabalhar e ingressar no concurso público independente do gênero. Eu sou funcionária pública há cerca de 30 anos, exijo e me dou o respeito. Não devemos só pedir, mas nos dar o respeito a essas pessoas. Atualmente coordeno um posto de saúde, sou líder da área de saúde, uma conquista para nossa classe", relatou a presidente da Associação Igualdade do Rio Grande do Sul e funcionária pública, Marcely Malta.
A professora Adriana Sales, abordou a prostituição como uma escolha e não imposição. "Temos travestis e transexuais graduados e pós-graduados, mas é preciso que isso seja uma constante porque se fizermos uma pesquisa a maioria de nós é prostituta. Isso precisa mudar, que exista outras formas de trabalho e que a prostituição seja garantida como todas as pessoas que tentam se enquadrar ao padrão regular e social.Eu sou professora, meus alunos me chamam de Tia Adriana, eles me respeitam e aceitam a minha opção de vida", relatou Adriana, que também é presidente da Associação de Travestis do Mato Grosso do Sul.
Sergipe
A presidente da ASTRA, Thatiane Araujo ressaltou que o índice de participantes sergipanas no evento foi significativo. Foram inscritas 32 travestis e transexuais, número maior do que eventos anteriores.
A funcionária pública, Érica de Oliveira, 28 anos e a estudante de história, Fabrícia Marques, 28, acreditam que a população precisa ter conhecimento do que acontece no movimento. " Este evento é para a gente poder debater as políticas públicas relacionadas a nossa população que precisa estar ciente dos nossos direitos", disse Érica. "É produtivo, uma forma de lutar pelos nossos direitos, concluiu, Fabrícia.
Amor x preconceito
Durante o encontro , casais participantes do evento revelaram que é possível ser feliz ao lado de quem ama, mesmo tendo muitas vezes que driblar o preconceito existente na sociedade.
A membro de uma ONG, Bianca de Lima, 25 anos e o porteiro José Gilvan de Souza Santos, 22, explicam que qualquer relacionamento é possível quando o casal consegue superar juntos as dificuldades. "Cada relacionamento tem suas dificuldades, mas a gente vive muito bem, temos casa própria, moramos juntos. A gente só não tem filho, mas temos cachorro, vida normal ,ele trabalha, eu estudo, a família dele me aceita e vice e versa, minha mãe mesmo mora em Aracaju e quando ele precisa vir para cá, ele fica na casa dela. Conclusão, somos um casal como outro qualquer, isso depende só de como cada um enxerga", relatou Bianca.
"Não tive nenhuma dificuldade, preconceito sempre existiu, mas nunca me importei. Não é porque a gente é homem não, eu mesmo sou bissexual, se hoje eu estou com uma travesti, amanhã eu posso estar com uma mulher, não faz nenhuma diferença, o que conta mesmo é o sentimento. O preconceito sempre rola, mas isso não muda nada não. Tenho meu trabalho digno, minha casa, eu moro com ela. A minha vida é normal e sempre vai ser, quer queira a sociedade ou não", disse Gilvan, companheiro de Bianca.
O Encontro Nacional encerra nesta sexta-feira (19), e acontece no Real Classic Hotel, localizado na Orla da Atalaia de Aracaju.
O Encontro Nacional encerra nesta sexta-feira (19), e acontece no Real Classic Hotel, localizado na Orla da Atalaia de Aracaju.
Fonte: Atalaia agora
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