quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Aracaju sedia XVII Encontro Nacional de Travestis e Transexuais


Acontece em Aracaju no período de 16 a 19 de novembro, o XVII Encontro Nacional de Travestis e Transexuais, levantando a bandeira para o tema "A conquista da cidadania pelo fim da transfobia" a ser discutido na ocasião por 170 participantes de diversos Estados do país.
Foto:Atalaia Agora Presidente da ASTRA, Thatiane Araujo (Foto:Atalaia Agora )
De acordo com a presidente da ASTRA- Direitos Humanos e Cidadania GLBT-, Thatiane Araujo, o evento tem a finalidade de discutir políticas públicas voltadas para a classe. "A nossa comunidade deve ser igual em direitos e deveres e é por isso que estamos aqui. Este encontro é um marco em Sergipe, conseguimos consolidar exemplos positivos de autoridades que apóiam o evento como a delegacia de grupos de vulneráveis e a prefeitura municipal que sancionou a lei que prevê a inclusão do nome social das travestis na comunidade e na saúde pública. As travestis sofrem preconceito a partir do momento que são chamadas pelo nome que não condiz com a sua imagem e escolha de vida, aos poucos estamos conquistando espaço. Com isso provamos o poder do movimento social e local". 

Inclusão no Trabalho
Um dos temas discutidos na manhã desta quinta-feira (18), foi a inclusão de travestis e transexuais do Brasil no mercado de trabalho. Segundo a presidente da Associação Igualdade do Rio Grande do Sul e funcionária pública, Marcely Malta, o tema incentiva a classe a lutar pela oportunidade.
Foto;Atalaia Agora Funcionária pública, Marcelly Malta (Foto;Atalaia Agora )
"Todas as travestis têm o direito de trabalhar e ingressar no concurso público independente do gênero. Eu sou funcionária pública há cerca de 30 anos, exijo e me dou o respeito. Não devemos só pedir, mas nos dar o respeito a essas pessoas. Atualmente coordeno um posto de saúde, sou líder da área de saúde, uma conquista para nossa classe", relatou a presidente da Associação Igualdade do Rio Grande do Sul e funcionária pública, Marcely Malta.
Foto:Atalaia Agora Professora Adriana Sales (Foto:Atalaia Agora )

A professora Adriana Sales, abordou a prostituição como uma escolha e não imposição. "Temos travestis e transexuais graduados e pós-graduados, mas é preciso que isso seja uma constante porque se fizermos uma pesquisa a maioria de nós é prostituta. Isso precisa mudar, que exista outras formas de trabalho e que a prostituição seja garantida como todas as pessoas que tentam se enquadrar ao padrão regular e social.Eu sou professora, meus alunos me chamam de Tia Adriana, eles me respeitam e aceitam a minha opção de vida", relatou Adriana, que também é presidente da Associação de Travestis do Mato Grosso do Sul.
Sergipe

A presidente da ASTRA, Thatiane Araujo ressaltou que o índice de participantes sergipanas no evento foi significativo. Foram inscritas 32 travestis e transexuais, número maior do que eventos anteriores.
Foto:Atalaia Agora Participantes, Érica Oliveira e Fabrícia Marques (Foto:Atalaia Agora )

A funcionária pública, Érica de Oliveira, 28 anos e a estudante de história, Fabrícia Marques, 28, acreditam que a população precisa ter conhecimento do que acontece no movimento. " Este evento é para a gente poder debater as políticas públicas relacionadas a nossa população que precisa estar ciente dos nossos direitos", disse Érica. "É produtivo, uma forma de lutar pelos nossos direitos, concluiu, Fabrícia.
Amor x preconceito

Durante o encontro , casais participantes do evento revelaram que é possível ser feliz ao lado de quem ama, mesmo tendo muitas vezes que driblar o preconceito existente na sociedade.
Foto:Atalaia Agora José Gilvan e Bianca de Lima (Foto:Atalaia Agora )
A membro de uma ONG, Bianca de Lima, 25 anos e o porteiro José Gilvan de Souza Santos, 22, explicam que qualquer relacionamento é possível quando o casal consegue superar juntos as dificuldades. "Cada relacionamento tem suas dificuldades, mas a gente vive muito bem, temos casa própria, moramos juntos. A gente só não tem filho, mas temos cachorro, vida normal ,ele trabalha, eu estudo, a família dele me aceita e vice e versa, minha mãe mesmo mora em Aracaju e quando ele precisa vir para cá, ele fica na casa dela. Conclusão, somos um casal como outro qualquer, isso depende só de como cada um enxerga", relatou Bianca.
Foto:Atalaia Agora O encontro tem a participação de 170 travestis e transexuais (Foto:Atalaia Agora )
"Não tive nenhuma dificuldade, preconceito sempre existiu, mas nunca me importei. Não é porque a gente é homem não, eu mesmo sou bissexual, se hoje eu estou com uma travesti, amanhã eu posso estar com uma mulher, não faz nenhuma diferença, o que conta mesmo é o sentimento. O preconceito sempre rola, mas isso não muda nada não. Tenho meu trabalho digno, minha casa, eu moro com ela. A minha vida é normal e sempre vai ser, quer queira a sociedade ou não", disse Gilvan, companheiro de Bianca.

O Encontro Nacional encerra nesta sexta-feira (19), e acontece no Real Classic Hotel, localizado na Orla da Atalaia de Aracaju.

Fonte: Atalaia agora

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