quarta-feira, 6 de março de 2013

“Sofri muito. Eu me senti julgada”: Lucimara, vítima da violência sexual


Vereadora conta que foi abusada por dois homens, e incentiva a denúncia

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“Sofri muito. Eu me senti julgada”: Lucimara, vítima da violência sexual

Nenhuma agressão a mim feita passará incólume

“Posso garantir que não me arrependo (da denúncia). Sofri muito. Desde a hora que cheguei à delegacia eu me senti julgada”, com estas palavras a vereadora por Aracaju, Lucimara Passos (PCdoB), contou emocionada, durante seu discurso da tribuna da Câmara, na tarde desta terça-feira (5), que já sofreu abuso sexual. Fazendo menção ao Dia da Mulher, 08 de março, Lucimara incentivou as mulheres vitimas de violência, superarem seus medos e denunciarem qualquer tipo de agressão.

“Os policiais perguntaram ao meu marido, que era meu namorado à época, e ao meu advogado, que é meu primo, se eu não estava drogada, se eu deveria estar realmente na festa em que eu estava e se a criminosa não era eu”, declarou a vereadora, lembrando que o crime ocorreu em dezembro de 1999. Segundo ela, os dois homens que praticaram o abuso, apesar de julgados e condenados, hoje estão à solta.

“Todos entraram com pedido de revisão criminal, algo que eu não sabia que existia depois que um processo é transitado em julgado. Não consigo entender esses artifícios jurídicos ainda permeiam nossa legislação. Os recursos foram rejeitados, mas só um foi preso e apenas por um ano”, disse Lucimara, afirmando ainda que um dos homens obteve facilidade no processo por possuir uma condição social mais favorável. “Ele é funcionário do Estado e trabalha no Departamento Estadual da Infraestrutura Rodoviária – DER. O outro condenado a sete anos de prisão foi solto, após cumprir apenas um ano, porque tinha direito a progressão da pena para regime semiaberto”, lamentou ela.

“Pra minha surpresa, o sistema carcerário não ofereceria condições adequadas para recebê-lo e os juízes decidiram que ele iria cumprir a pena em regime aberto e desde o ano passado este cidadão está solto”, reclamou Lucimara, que, apesar de tudo, disse que vale a pena denunciar. “Este fato ocorreu há 13 anos e eu sofro ainda pelo ocorrido. Durante anos uma das minhas filhas me perguntava porque eu estava chorando em determinados momentos e eu dizia para ela que não podia contar. Hoje, ela ficará sabendo”, disse emocionada.

“Nada do que ocorre nas nossas vidas que nos faça sentir ofendidos deve ser colocado de lado, deve ser esquecido. A partir desse processo eu decidi que nenhuma agressão a mim feita passará incólume. Mesmo com todas as dificuldades, vale a pena denunciar”, completou ela.

Mais do que delegacia especializada
A vereadora defendeu a necessidade de se ter em todas as unidades de polícia agentes prontos para atender mulheres vítimas da violência, não somente em delegacias especializadas. “Como nós vamos garantir justiça, proteção e que a denuncia de fato tenha efeito? Infelizmente, hoje, a sociedade, a política, os poderes ainda não garantem tudo isso que acabei de dizer. Isso não significa que as mulheres não devem lutar. Espero que esse relato fique guardado na mente de todos os vereadores e na hora de votar sobre questões relacionadas a este tema não levem em conta se são de direita ou de esquerda na hora de definir um voto”, afirmou.

Por Raissa Cruz, da redação Universo Político.com

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