quarta-feira, 11 de maio de 2011

Morte de aposentado agrava crise na saúde de Rosário do Catete

O tema principal da sessão da Câmara de Rosário do Catete nesta terça-feira (10) voltou a ser a crise na rede municipal de saúde. Há três semanas, a oposição levantou a necessidade da criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar várias denúncias que chegam àquela Casa sobre os péssimos serviços que são prestados pela administração municipal.

O assunto voltou a ser destaque em virtude da morte do aposentado João Batista Dias de Andrade, que chegou desmaiado, por volta das 9h da sexta-feira (6), ao posto de saúde do município, mas não recebeu o devido atendimento, e acabou morrendo na unidade por falta de médico no local.

Segundo informações, o profissional que estava de plantão deixou o trabalho sem que o colega que o iria substituir estivesse presente. O médico só chegou à unidade por volta das 9h50, antes disso, por falta de atendimento, o aposentado faleceu dentro do posto de saúde, apesar da existência de um médico do SAMU que se negou a prestar os primeiros socorros.

A líder da oposição, vereadora Maria José (PSB), lamentou o episódio e disse que foi preciso que acontecesse uma tragédia dessa para que realmente chegassem à conclusão da necessidade urgente da Comissão. “Rosário precisa imediatamente de uma CPI. Não podemos mais suportar que fatos como o que ocorreu se repitam”, justificou.

Os vereadores Genilson da Costa França, o “Neno” (PSB), Helhinho dos Santos (PV) e Delson Leão (PSB) reforçaram os comentários da colega. Para Neno, a culpa também é do prefeito Etelvino Barreto (PMDB), que ainda não tomou nenhuma atitude em relação à saúde do município.

“O prefeito já deveria ter tomado uma postura. O comando é dele, mas ninguém sabe qual é a sua posição diante desse caos. Se ele já tivesse agido, quem sabe essa morte teria sido evitada e até mesmo a Câmara desse mais um tempo ao prefeito para que ele, com uma nova gestão na Secretaria de Saúde, minimizasse ou até revertesse essa situação crítica”, afirmou Neno.

O presidente do Legislativo, Delson Leão, que testemunhou a morte de João Batista, disse que a família está revoltada pela falta de compromisso da Secretaria Municipal de Saúde e do médico do SAMU. “Estava no local e acompanhei todo o desespero dos familiares, que viram seu João morrer na frente deles sem poder fazer nada. Parentes me disseram que o médico do SAMU chegou a dizer que não atendia seu João porque Amélia (Passos, secretária municipal de Saúde) estava devendo a ele”, relatou.

“Por isso precisamos de uma CPI para que este profissional também seja ouvido. É um absurdo o que aconteceu. Um cidadão rosarense morreu dentro de um posto de saúde, com uma ambulância do SAMU e um médico do serviço de emergência no local”, completou Delson.

Divergências
Os quatro vereadores da situação mantiveram sua posição contrária à CPI, mesmo com a morte do aposentado. Para eles, a Comissão não trará resultados rápidos e eficientes para a melhoria do serviço, que é o que a população de Rosário deseja no momento.

“A gente não sabe como essa Comissão vai ser conduzida e nem como vai terminar. Será que vai ter o resultado que a comunidade espera? Já vi muita CPI no Brasil que não deu em nada”, alega José Antônio (PMDB). Ele sugeriu a apresentação de um requerimento convocando a secretária Amélia Passos para que ela detalhe a situação do setor no município, e até mesmo apresente soluções para os problemas existentes.

Na opinião do vereador João Fontes (PV), a morte do seu João Dias é um fato isolado e não deve servir de subsídios para a instalação da CPI. “É um caso que deve ser investigado pela polícia. Acredito que a família tenha prestado uma queixa na delegacia para que se apure as causas da sua morte. A Câmara deve apresentar medidas práticas e imediatas para a população, convocando a secretária ou até mesmo o prefeito para que apresente soluções de gestão. Ao meu ver, a CPI tem interesses meramente políticos e está antecipando a disputa municipal do ano que vem”, acusou o parlamentar.

Apesar das críticas da situação, o presidente colocou em votação o requerimento que solicita a instalação da CPI da Saúde no Legislativo. Por cinco votos a quatro, a Comissão foi aprovada, e seus membros devem ser escolhidos na próxima sessão.

“O interesse aqui não é político, mas do povo. Com certeza a CPI vai ter começo, meio e fim. Vamos desmascarar muita gente que está se aproveitando do sofrimento do povo para viver bem. Enquanto a população sofre nos postos de atendimento, ou até mesmo morre, muitos dos que estão à frente da saúde estão muito bem”, denunciou Delson Leão.

Já o vereador Hélber Santos (PT) acusou o presidente de agir com autoritarismo e apontou ilegalidades no requerimento por não apresentar um fato determinante justificando a CPI. “Vamos entrar na Justiça contra essa Comissão”, avisou o petista.

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