quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Jerônimo diz que seu mandato foi cassado por vontade do Democratas

Pela primeira vez na história política do País, um parlamentar foi cassado em Brasília através de uma decisão da Justiça em 1ª instância. A sentença, que atingiu o deputado federal Jerônimo Reis (DEM), foi da Justiça de Lagarto, que acatou uma ação movida pelo Ministério Público Estadual da cidade. 

A denúncia envolvia dois ex-secretários municipais da prefeitura durante a gestão de Jerônimo Reis. De acordo com a representação do MPE, um servidor que recebia em torno de R$ 1.000,00 por mês, dividia o valor com mais outros dois funcionários, que não tinham cargo em comissão. Como ele não declarou o imposto de renda, seu CPF foi cancelado e um adversário do então prefeito aproveitou-se da situação para denunciar o caso no Ministério Público. 

O deputado acabou sendo cassado sem direito à defesa, uma vez que seu advogado perdeu o prazo para recurso. “Ingressamos com uma ação rescisória no Tribunal de Justiça para tentar anular a decisão da 1ª instância, mas como o processo já havia transito em julgado, o TJ não acatou nosso pedido e manteve a decisão do juiz, apesar dele próprio reconhecer, em sua sentença, que não houve da minha parte, qualquer aproveitamento de recurso público. Quero frisar que estamos pagando por um erro administrativo e depois do nosso advogado, não por um ato de corrupção. Graças a Deus tenho minha consciência tranqüila em relação a qualquer ato que pudesse manchar minha carreira política iniciada em 1986”, frisa Jerônimo Reis.

O deputado revelou que não tem dúvidas de que a Mesa Diretora declarou a perda do seu mandato graças à atuação direta do deputado federal Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM). “Era uma questão de honra para ele cassar o meu mandato. Fui cassado por um membro do meu partido que fez de tudo para que isso acontecesse”, lamentou o parlamentar, que estranhou a rapidez com que seu processo tramitou na Câmara.

“A própria imprensa nacional questionou que existem vários outros processos solicitando a perda do mandato de deputados e que estão engavetados pela Mesa Diretora, enquanto meu processo tramitou em pouco mais de 90 dias”, compara Jerônimo. 
 

O parlamentar sergipano também considerou estranho o fato da desistência de uma ação por parte do advogado do DEM que havia entrado no processo a pedido do presidente nacional do partido, deputado federal Rodrigo Maia. 

“No dia seguinte ao do advogado ter dado entrada numa petição no TJ de Sergipe, o doutor João Alves veio a Brasília, e eu presenciei isso, e teve uma conversa com o presidente do partido e com ACM Neto. Quando estive com o advogado, ele me comunicou que recebeu uma ordem de Rodrigo Maia para deixar o processo. Não quero dizer com isso que foi o doutor João quem convenceu o presidente a abandonar o nosso processo, mas foi muita coincidência. O povo é que deve julgar”, sugere.

Para Jerônimo, esse interesse do Democratas pela sua cassação está ligado à filiação do seu filho, o empresário Fábio Reis, ao PMDB para disputar uma vaga na Câmara Federal. “O partido não engoliu isso até hoje, e essa foi uma forma de vingar-se de Jerônimo Reis”, acredita. 

Apesar da decisão consolidada da mesa, o deputado federal disse que existe ainda um recurso tramitando no Supremo Tribunal Federal e que sua defesa ingressará com dois novos recursos contra a decisão da Mesa Diretora da Câmara. 

“Estou de cabeça erguida e irei lutar até o último dia do meu mandato. Todos que me acompanham nestes 25 anos de vida pública sabem muito bem que sempre soube honrar o mandato que o povo me confiou em sete eleições das oito que disputamos”, avisa Jerônimo Reis. 



assessoria empauta

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