segunda-feira, 2 de novembro de 2009

FLANELINHAS COBRAM “TAXAS” ILEGAIS

Guardadores ilegais agem como se fossem os donos das ruas. Motoristas temem pela segurança física e do carro.



Quem dirige nas grandes cidades brasileiras, sabe que estacionar é um tormento diário. Faltam vagas. Sobram flanelinhas cobrando preços abusivos. Esses guardadores ilegais agem como se fossem os donos das ruas. Eles intimidam e ameaçam. Pior para o motorista, que teme pela segurança física e do carro.
Está impresso no bilhete de Zona Azul em São Paulo: uma hora – R$ 3. Nas ruas, nas mãos dos guardadores de carro, a mesma folha do talão já tem outro preço: R$ 4 a hora. Eles dizem que cobram mais do que os postos autorizados de venda porque ficam de olho no carro: “O senhor pode ficar tranquilo, ninguém encosta. Pode ficar sossegado aqui”. 


Mesmo quando não há necessidade de usar o cartão da Zona Azul, lá estão eles. Muitos motoristas pagam o que os guardadores de carros pedem. O medo é de ser surpreendido por situações desagradáveis que, quem mora em São Paulo, conhece bem.
“Já tive problema de não querer pagar e o cara riscar o carro, estragar o carro”, conta o chef de cozinha Daniel Gil. “A gente fica com medo de roubarem o som”, comenta o motorista José Carlos Santos.
O ágio cobrado pelos guardadores de carro também é comum em Belo Horizonte: “O rotativo é R$ 4. Eu compro por R$ 2,60, eu ganho R$ 1,40 para dar uma olhada no carro”.
A polícia faz operações para coibir o trabalho ilegal. Mas eles voltam para as ruas logo depois. Entre os detidos em uma das fiscalizações, alguns já tinham passagem pela polícia.
No Recife, o sol convida para a praia, que logo fica cheia de gente e de carros estacionados na orla. A motorista só conseguiu encontrar vaga quando o flanelinha retirou o cavalete da companhia de trânsito.
Na Zona Sul do Rio de Janeiro, o problema é a falta de funcionários da empresa contratada pela prefeitura para gerenciar as vagas de estacionamento rotativo. Se é difícil achar um profissional cadastrado, os guardadores de carro estão sempre a postos.

Na capital do país, o desrespeito é com os idosos, que não conseguem parar nas vagas reservadas para eles. Muitas são ocupadas por motoristas que compraram o cartão do idoso: “R$ 70, aceita celular, aceita tênis. Se o policial falar alguma coisa, diz que dirige para a sua mãe”, ensina um flanelinha.

A Polícia Militar reconhece que tem dificuldades para resolver o problema. Muitos motoristas que sofrem extorsão não registram boletim de ocorrência. O número de flanelinhas agindo nas ruas também é muito grande e eles ficam espalhados.

“A fiscalização é muito difícil pela rotatividade. Se nós estamos em um ponto atuando, automaticamente eles vão para um ponto com menos fiscalização. Essa rotatividade dificulta bastante a ação preventiva”, explica o capitão da PM Sergio Marques.

Em Porto Alegre, a prefeitura cadastrou os flanelinhas e formou cooperativas de trabalho. Para fazer parte de uma, eles precisam tirar uma certidão negativa na polícia e pagar R$ 30 por mês: Agora vem com o peito erguido. Eu andava me escondendo, agora não, diz um flanelinha.

O conselho é que, ao ser intimidado ou ameaçado por algum flanelinha, o motorista avise a polícia imediatamente.


Fonte: Faxaju

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Usuarios online