O Laboratório Central de Saúde Pública de Sergipe (Lacen) deu início nesta segunda-feira, 16, a mais um módulo de capacitações sobre o Diagnóstico Laboratorial da Esquistossomose. O treinamento, voltado para técnicos em laboratório de nove municípios sergipanos, faz parte do cronograma de capacitações desenvolvido pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) com o objetivo de descentralizar a realização de exames de média e baixa complexidade, atualmente realizados pelo órgão na capital.
Segundo informações da coordenadora da Rede Estadual de Laboratórios Públicos de Sergipe (Redelab), Catarina Zita, essa é a última capacitação do ano. Estão participando dela os profissionais dos municípios de Muribeca, Cristinapólis, Malhador, Propriá, Maruim, São Cristovão, Japoatã, Estância e Itabaiana. “A partir de janeiro de 2010, estaremos promovendo mais um módulo para beneficiar os demais municípios, incluindo Aracaju”, informa Catarina Zita.
Capacitação
Ainda de acordo com a coordenadora, durante duas semanas, os profissionais receberão instruções teóricas e práticas sobre noções de higiene e prevenção de helmintos e protozoários; biologia e ecologia do Schistosoma mansoni e coleta e identificação do caramujo hospedeiro. Já durante a parte prática, eles aprendem microscopia, identificação e caracterização de ovos do Schistosoma e técnicas de preparação do caramujo hospedeiro para exame de positividade, dentre outros assuntos.
A necessidade de se atualizar quanto ao diagnóstico laboratorial da esquistossomose atraiu para o curso o técnico laboratorial Tony Ricardo Ramos, do município de Muribeca. Profissional há cinco anos, há quatro meses ele desenvolve suas atividades no Laboratório Municipal, onde realiza cerca de 200 exames mensais relacionados à doença. Para ele, o treinamento é uma oportunidade de melhorar a qualidade dos exames feitos no município.
“Além de o profissional ganhar mais conhecimento, o curso também beneficia o município, que se adequa melhor às normas preconizadas pelo Ministério da Saúde (MS) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Isso também se reverte em melhoria dos serviços prestados à população local”, ressaltou.
Kits
Desde o final do ano passado, o Lacen começou a intensificar nos municípios sergipanos a distribuição de kits para testes de coproscopia, utilizados no exame parasitológico de fezes para detectar os casos de esquistossomose.
De acordo com a bióloga Catarina Zita, os kits são produzidos pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), da Fiocruz, no Rio de Janeiro. A meta é distribuir o material para os 55 municípios considerados áreas endêmicas e que estão inseridos no Plano Nacional de Controle da Esquistossomose, do Ministério da Saúde. Para cobrir todos esses municípios, o Governo Federal encaminhou 1,6 mil kits ao Lacen. Cada um deles permite a realização de até 100 testes de coproscopia.
A descentralização dos exames de baixa e média complexidade está inserida no Plano de Metas para Supervisão da Redelab, cuja coordenação cabe ao Lacen. Segundo a bioquímica Zelma Nascimento, coordenadora da Redelab, uma das metas prevê o subsídio para a implantação de laboratórios de entomologia nos municípios pactuados e não-operantes no controle de várias endemias. "Também cabe ao Lacen promover a melhoria das condições estruturais e técnicas dos laboratórios já existentes", acrescenta.
A doença
A esquistossomose é uma das parasitoses humanas mais conhecidas no mundo e sua ocorrência está relacionada à ausência ou precariedade de saneamento básico. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a doença acometa 200 milhões de pessoas em 74 países.
Segundo dados do Ministério da Saúde, no país, cerca de seis milhões de indivíduos podem estar infectados e 25 milhões expostos aos riscos de contrair a doença. Nos últimos dois anos, Sergipe registrou cerca de 450 casos de esquistossomose, de acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde (SES).
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