COPENHAGUE (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e os líderes dos principais países emergentes selaram nesta sexta-feira um novo acordo climático, que é no entanto apenas um primeiro e insuficiente passo para combater a mudança do clima da Terra, segundo uma autoridade norte-americana.
De acordo com essa fonte, Obama obteve um "acordo significativo" com os primeiros-ministros da China, Wen Jiabao, e da Índia, Manmohan Singh, e com o presidente da África do Sul, Jacob Zuma, após um dia de profundas divisões entre os líderes de países ricos e pobres.
O Brasil também aprovou o acordo, que aparentemente deixa de lado outros participantes da conferência climática da ONU em Copenhague. Não há garantia de aprovação por parte de todas as 193 nações participantes. A ausência dos países da União Europeia foi considerada particularmente significativa.
As tensões entre China e Estados Unidos, os dois maiores emissores globais de gases-estufa, foram notavelmente agudas desde que Obama -- num recado dirigido aos chineses -- declarou que qualquer acordo para a redução das emissões se resumiria a "palavras vazias sobre uma página" se não fossem transparentes e tratadas com responsabilidade.
Ao longo do dia os negociadores sofreram para buscar termos aceitáveis para todos os 193 países no sentido de obter um novo tratado global para combater os efeitos mais perigosos da mudança climática, como secas, inundações, elevação do nível dos mares e extinção de espécies.
Um esboço discutido na sexta-feira incluía 100 bilhões de dólares anuais em ajuda climática aos países pobres até 2020, e metas para limitar o aquecimento e reduzir à metade as emissões globais de gases-estufa até 2050.
Mas ele abandonava as ambições prévias de que um eventual acordo de Copenhague fosse transformado no ano que vem em um texto juridicamente vinculante.
"Hoje, seguindo uma reunião multilateral entre o presidente Obama, o premiê Wen, o primeiro-ministro Singh e o presidente Zuma, um acordo significativo foi alcançado", disse a fonte dos
EUA.
"Não é suficiente para combater a ameaça da mudança climática, mas é um importante primeiro passo", afirmou o funcionário. "Nenhum país está inteiramente satisfeito com cada elemento, mas é um passo adiante, significativo e histórico, e um fundamento a partir do qual fazer mais progressos".
Pelo acordo definido pelos cinco países, as nações ricas e pobres concordam com um "mecanismo de financiamento" com reduções de emissões de modo a manter o aquecimento global médio em 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais e em "fornecer informações sobre a implementação das suas ações".
Antes, o ministro indiano do Meio Ambiente, Jairam Ramesh, disse à Reuters que a conferência, que começou em 7 de dezembro, estava "perto de ver um resultado juridicamente não-vinculante de Copenhague após 36 horas de negociações extenuantes, intensivas".
A União Europeia pressionava por um acordo forte para a limitação do aquecimento global a 2 graus Celsius, e que incluísse rígidas restrições das emissões de carbono por parte de outros países industrializados, especialmente os Estados Unidos.
Cientistas dizem que o aquecimento de 2 graus Celsius é o limite para que sejam evitados os piores efeitos do aquecimento global.
"Diante de onde começamos e das expectativas para esta conferência, qualquer coisa aquém de um resultado concertado e juridicamente vinculante fica abaixo da nota", disse John Ashe, que presidiu as negociações do Protocolo de Kyoto, o tratado climático hoje em vigor.
(Com reportagem de Alister Doyle, Gerard Wynn, Anna Ringstrom, John Acher, Anna Ringstrom, Richard Cowan, David Fogarty, Pete Harrison e Emma Graham-Harrison)
Fonte: COPENHAGUE (Reuters)
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