quinta-feira, 8 de abril de 2010

Nossa Senhora das Dores realiza Conferência de Saúde Mental


“Saúde Mental: Direito e compromisso de todos – Consolidar avanços e enfrentar desafios”, esse foi o tema da 1º Conferência Municipal de Saúde Mental realizada pela prefeitura de Nossa Senhora das Dores, município localizado a 72 Km de Aracaju, uma parceria entre a Secretaria Municipal de Saúde, através do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) e a Secretaria de Saúde do Estado. 
O evento que acontece durante todo o dia de hoje, 8, pretende reunir profissionais da saúde, pessoas que convivem com doentes mentais, e os próprios portadores desse tipo de deficiência. “Nossa intenção é assegurar que os direitos dessas pessoas sejam cumpridos”, ressaltou o secretário de saúde de Dores, Carlos Menezes.
Segundo ele, uma das grandes preocupações da secretaria é a inclusão social dessas pessoas e nada melhor do que a orientação e o conhecimento para tornar isso possível. “Essa conferência vai mostrar para os participantes qual a melhor forma de tratar um doente mental”, esclarece o secretário, salientando que é possível conviver com essa parte da sociedade mantendo uma relação de respeito. 
A prefeitura realizou um trabalho de divulgação e mobilização para que a maior parte dos interessados pudesse participar do evento, como explica a coordenadora do Caps, Rosa Angélica. “Nós divulgamos em escolas, postos de saúde, centros comunitários, sindicatos, hospitais. Foi um grande trabalho de sensibilização visando à garantia de um convívio normal entre essas pessoas e a sociedade em geral”. 
Estiveram presentes na conferência além das Secretarias de Saúde do estado e do município, o prefeito da cidade, Aldon Luiz dos Santos (PSB), que fez questão de prestigiar o evento, e representantes de todas as secretarias de Nossa Senhora das Dores. 
Parceria – A Secretaria do Estado da Saúde é parceira do projeto. Em Nossa Senhora das Dores, o coordenador de atenção psicossocial desse órgão, Carlos Galberto, estava representando a secretaria, além de ser um dos palestrantes do evento. Segundo ele, mesmo com todo trabalho realizado, ainda existe muito preconceito. 
“Nós recebemos a orientação do governo federal e realizamos esse trabalho em âmbito estadual e municipal. É de suma importância realizar ações de conscientização para tentar minimizar o preconceito que ainda é muito presente”, completa o coordenador. 
Essa conferência irá definir a política de saúde mental adotada pelo município, que já prioriza o atendimento no território e garante que os doentes mentais façam o seu tratamento no Caps e dessa forma diminuam o número de internações nos hospitais especializados. 
De acordo com o coordenador Carlos Galbeto, o encontro em Nossa Senhora das Dores tem uma grande especificidade. “Nesse município nós estamos trabalhando de forma intersetorial. Representantes de áreas como a educação, saúde, assistência social e justiça estão trazendo o que cada uma tem para oferecer em termos de serviço e apoio para a saúde mental”. 
Apoio essencial – Tanto para os portadores de algum tipo de doença mental, como para as famílias dessas pessoas, a conferência é um grande passo para a inclusão social. “Mesmo com o preconceito que ainda insiste em acontecer, hoje eu já me sinto uma pessoa respeitada pela maioria das pessoas da minha comunidade”, diz o aposentado Tiodome Matias Santos. 
Tiodome adquiriu problemas mentais depois de uma fatalidade que aconteceu em sua família. “No começo foi muito difícil tanto para mim quanto para minha família. Eu tive que me afastar do trabalho e já não conseguia fazer nada sem o auxílio da minha esposa e dos meus filhos. Só depois de muito tratamento eu consegui me estabilizar”, relata ele. 
O aposentado é um exemplo para tantos doentes mentais que buscam igualdade de tratamento na sociedade, tendo inclusive representado a sua classe compondo a mesa da conferência. “Eu recebo muito apoio do pessoal do Caps e quero passar a minha experiência para os meus colegas, para que assim como eu eles alcancem o respeito tão desejado”. 
A dona de casa Patrícia dos Santos convive com o irmão doente a mais de 18 anos. Ela conta que tudo começou com uma depressão e depois o caso foi se agravando. “Ele não queria mais tomar banho, comer, sair de casa, e nós começamos a achar estranho. Até que procuramos uma clínica especializada e confirmamos que ele estava com problemas mentais”. 
Emocionada, Patrícia diz que praticamente deixa de tomar conta da sua família para dedicar o tempo ao seu irmão. “É muito complicado lidar com essa situação, mas o amor que tenho por ele me faz enfrentar tudo e seguir em busca de uma boa qualidade de vida para ele”, desabafa. 
Segundo ela, o apoio recebido pelo Caps é essencial para a melhora do seu irmão. “Esse evento é mais uma prova de que não estamos sozinhos nessa luta. Nós sentimos que o poder público está preocupado com esse problema e faz de tudo para melhorar a situação. Nossa Senhora de Dores está de parabéns”, frisa a dona de casa.

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