A fábrica de vinagre do grupo Maratá, localizada no distrito industrial de Lagarto, esta sendo acusada por agricultores e criadores de gado da região, de poluir um dos riachos que deságuam no rio Piauí.
O resíduo que estaria sendo despejado de forma ilegal no riacho conhecido com “Angola Cachorra” é ovinhoto.
O vinhoto - vinhaça ou restilo - é o resíduo pastoso e malcheiroso que sobra após a destilação fracionada do caldo de cana-de-açúcar (garapa) fermentado, para a obtenção do etanol (álcool etílico), usado para a produção de vinagre. Para cada litro de álcool produzido, 12 litros de vinhoto são deixados como resíduo.
Quando jogado nos rios constitui uma séria fonte de poluição.
Riacho "Angola Cachorra", sofre com a espuma derivada do produto tóxico
Segundo Jocivaldo Fontes Alves, proprietário da “Fazenda Cristina” que é da família do ex-vereador e falecido Antônio Simões, o problema é antigo e apesar das denúncias, nenhuma providência ainda foi tomada pela fábrica do Maratá.
Ontem(02) por volta das 16h, Juarez - vaqueiro da fazenda Cristina - foi levar três vacas para beber água, juntamente com seus bezerros. O vaqueiro contou que as vacas ao beberem da água do riacho, em questão de poucos minutos já começaram a cambalear e desfalecer, vindo em seguida a morrer. Os bezerros também beberam, mas segundo Juarez o fizeram em menor quantidade, por isso não morreram – mas encontram-se debilitados e sob cuidados.
Ao ser informado, Jocivaldo foi até a delegacia regional de Lagarto e fez um boletim de ocorrência.
Um veterinário da Emdagro foi até o local e fez uma biópsia dos animais, retirando o fígado, entre outros órgãos, para a confirmação da morte por envenenamento.
Jocivaldo mostra as vacas mortas por envenenamento
Jocivaldo disse que todos proprietários de fazendas da região já perderam vacas e bois por este mesmo motivo. Uma fazenda vizinha chegou a perder sete cabeças de gado de uma só vez, envenenados pela água contaminada.
“Já veio aqui televisão, já denunciamos, já teve gente que processou... em 2008 eu perdi duas vacas, agora mais três. As vacas que eu perdi eram vacas leiteiras das boas, eu vendia o leite delas na cidade, e o veterinário me contou que o risco de contaminação para a população é muito grande”, falou Jocivaldo.
Alguns agricultores que estavam no local contaram que vez outra centenas de piabas são encontradas mortas no leito do rio.
Local onde o riacho deságua no rio Piauí, ao fundo a Barragem Dionísio Machado
As equipes de reportagem da Juventude FM e do Portal Lagartense estiveram no local juntamente com Diretor do Meio Ambiente da Prefeitura Aderaldo Prata, onde foi feito registro de todas as denúncias.
Segundo Aderaldo Prata, a forma para evitar esta contaminação seria a criação de lagoas de instabilização, comuns em grandes fábricas que mexem com materiais químicos. O produto seria tratado antes de ser liberado, evitando a poluição do ecossistema.
O secretário de Meio Ambiente do Estado, Márcio Macedo, foi avisado do problema e prometeu a visita do diretor do Ibama Genival Nunes na segunda-feira(3) às 7h, para avaliar a gravidade da situação.
O diretor da fábrica do Maratá, não atendeu as ligações para responder sobre o problema.
Fábrica do Maratá situada no distrito indústrial.
A situação é preocupante, porque a água, apesar de passar por tratamentos, é a mesma que esta sendo consumida pela população lagartense. Acredita-se que a maior parte da água consumida em Lagarto vem da barragem Dionísio Machado ( na confluência dos rios Piauí e Jacaré ), o restante da cidade de Salgado.
Local onde o produto é despejado da fábrica, indo parar no riacho.
Fonte: www.Lagartense.com.br
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